domingo, abril 9

O Medo de Amar (parte II) testemunho vivo

"Para que serve toda a criação poética? Eu te direi, leitor, mas diga-me primeiro para que serve a realidade."
(Goethe e Schiller)
Falar no amor sem um certo toque poético para mim sempre foi muito difícil. Meus poemas sempre foram escritos na dor, à exceção de um que escrevi para meu ex-noivo, que seria o louvor com o qual sonhara entrar na igreja cantando. Lembro-me de que sua mãe dizia que eu não entraria, pois no dia do casamento, normalmente há muita ansiedade, nervosismo. Mas como dizem que os lábios de nossos pais abençoam ou amaldiçoam, coincidência ou não: não cantei mesmo, porque não houve casamento. O noivado de 6 anos fragmentou-se: creio-me mais culpada do que ele, pois naquela época, o Senhor não estava no leme do barco da relação.
Trouxe-lhe um pedaço de minha vida, para que entenda, que sobre o tema "medo de amar", não são palavras lançadas ao vento, sem fundamentação alguma: eu o vivenciei! Inicialmente, durante alguns meses do término carreguei comigo a aliança, pensava naquele afastamento como uma atitude imatura, impensada, que logo ele cairia em si, perceberia o "erro" e prosseguiríamos de onde paramos, mas não foi isso que aconteceu. Assim que voltou do lugar onde estava para nossa cidade natal, depois de um mês procurou-me, como se o Senhor já me tivesse revelado que ele já estivesse aqui, que estava em casa de seus pais, mas queria conversar comigo...Coração na mão, ainda sonhava, mas NÃO nos sonhos de Deus. Acredito que você já deduziu o que aconteceu, mas faço questão em dizer: "Estou com outra pessoa, inclusive veio comigo, o que havia entre nós acabou"_ disse como se estivesse tomando água.
Rasguei fotos, bilhetes, cartas de amor, joguei tudo fora, mas não consegui jogar o principal: o amor, que pensava que seria até que a morte nos separasse.
Naquele momento, acreditava que minha coragem para lutar seria o suficiente, que o esqueceria porque meu amor próprio falaria mais alto, afinal, ele já tinha outra e como não havíamos rompido de verdade, creio que tivesse começado essa relação antes do término do noivado. Eu, sempre fiel, nunca cogitei que em 3 meses se esquecesse alguém que tivéssemos amado durante seis anos, mas é a realidade; minha veia poetica sobre o amor secou. Passei a não mais sonhar, não acreditar nos homens, muitos menos em suas declarações. Amarguei a dor maior durante um ano, depois, mas centrada, consciente, ou forçosamente convencida de que acabou. Sentia um vazio, faltava algo. Mas o quê?
Encontros com pessoas amigas que conheci, ainda criança, levaram-me à presença do Pai e o que houvera feito aos nove anos de idade sem muita consciência, fi-lo naquele momento com todo amor de minh'alma e o vazio foi sendo preenchido, hoje, ainda não consigo amar, mas ao tentar permitir que alguém se aproximasse, obtive o livramento do Senhor por tudo que sei hoje.
Mas o "medo de amar" foi algo terrível, hoje já não temo o Senhor me curou da maneira mais dura, canalizei todas as minhas forças para sobreviver a um câncer terminal aos olhos físicos, e ao contrário do que muitos fariam em meu lugar, usei da dor para acalentar, para mostrar que o Senhor dá-nos um coração novinho, como dá-nos uma nova vida. Curada do câncer, curada das dores de amor.
Vem a pergunta que não se pode calar: e hoje você ama alguém? Naturalmente respondo: atualmente a Deus. Não que escolha demais. No entanto, hoje vivo sob a autoridade do Senhor e ainda não encontrei ninguém que tivesse intenções sérias para um relacionamento, pelo menos que conseguisse tocar meu coração, mas não sou amarga, nem triste, acredito na bondade de Deus e voltei a sonhar, não mais nos meus , mas através do sonhos dEle.
A paz do Senhor,
Patrícia Aldir

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