Renovação (Parte II)

A águia, quando em um determinado período de sua vida

percebe que está enfraquecendo, então voa para o mais alto cume

e durante 150 dias, aproximadamente, bate com o bico em uma parede, espera que ele cresça,

arranca as garras amolecidas,

deixa-as crescer,

arranca todas as penas

e quando estas se renovam

sai de seu processo de reclusão “renovador”

e adeja os céus,

voa e vive por mais 30 anos.

Terminei minha quimioterapia, os médicos fizeram todos os exames e constataram que eu estava curada do câncer. Ainda há há possibilidade de continuar a quimio por questão de profilática.
A batalha continuou: como fazer fisioterapia com dores alucinantes nas articulações, na planta do pé, calcanhar, até mesmo com muleta, como ir ao culto, mas está lá perseverando, não descobriram de onde vinham tais dores? Meus pés inchavam e desinchavam sem explicação. Mas em tudo eu via a mão do Senhor sustendo-me, eu não me rendia à cama.
Final do ano de 2005, algo me dizia que ainda havia acontecimentos para me fortalecerem para dores maiores. Algo, verdadeiramente duro, minha avó, aparentemente saudável, que cuidava de meu avó, convalescente deixou-nos, faleceu, dia 30/12, pensei que acabara ali, mas sabia que ainda faltava algo.
Pedi misericórdia ao Senhor, mas sabe aquelas situações em que o impossível, que só é possível para Deus, não é permitido acontecer: só Ele sabe o porquê? Dia 03/01/06 morreu um tio materno e analisei como este tio estava vivendo.Correndo contra o tempo para conseguir construir um patrimônio para sua família, trabalhando muito, sem descanso.
Veio-me à mente as palavras das Escrituras que dizem a uma certa personagem que ela havia enchido os seus celeiros, mas e para Deus o que havia feito... Tudo pelo qual meu tio tanto lutara será ainda mote para muita confusão, partilha. Não me interesso, mas sei que pessoas que lutaram consigo sofrerão.
Construi um espaço virtual onde posso publicar temas ligados às questões cristãs, posturas diante do mundo, leitura de acontecimentos pelo viés cristão; um outro para discutir como os educadores podem fazer do mundo um lugar melhor, a partir do que transmitem aos seus educandos, preparando-os ou ajudando-s a se preparem para o “ser” e não somente para o “ter”, para as vitórias, mas também para os fracassos, mostrando-lhes, que somos passíveis de fracassos, sim, mas como oportunidade de sabermos a dor da queda e criarmos uma visão mais sensível, desenvolvendo o emocional e concretizei um projeto piloto de um livro virtual.
Mas o sinto o Pai falar que a “Renovação” ainda nem começou. Isso tem mexido muito comigo. Tenho lido muito, tanto livros ligados à psicologia, psicopedagogia, como também e muito livros que se fundamentam na análise das Escrituras, do pensamento de Cristo, dos passos dEle. Acredito que este período pelo qual passei e tenho passado tem sido essa reclusão, esta fase de dolorosa “restauração”, não sei se já terminou o processo, meu pé ainda precisa reagir para me dar o equilíbrio de andar sem muleta ou ajuda de alguém sem medo de cair. Acredito que pode ser isso que falta, para que plane novamente em um vôo libertador. Será que o Senhor quer assim?

Patrícia Aldir