terça-feira, maio 23

Estranhamento


Certa feita estava assistindo a uma aula na Universidade e o tema fora "estranhamento". Estranho, não é?
Esta lembrança veio à tona ao ler em C.S.Lewis* discorrendo sobre o Amor-Apreciação, a definição fez-me voltar ao Campus, à sala de aula , à voz doce e melodiosa de Mirella, minha amada e inesquecível pós-doutora em Teoria da Literatura.
O Amor-Apreciação é aquele que não te deixa passar por um jardim sem que percebas o colorido, o perfume das flores, os pássaros, um canto diferente, como se tu e o jardim naquele momento fossem um.

Mas por que lembrei-me do "estranhamento"? Normalmente passamos tão rapidamente por tudo: pessoas, amigos, paisagens que em nada percebemos as nuances, os detalhes... Mirella perguntou-nos se havíamos visto uma árvore que existia na entrada do Campus pelo estacionamento. Muitos disseram que não, não haviam percebido nada demais e ela com os olhos iluminados como que fascinada disse: a árvore está completamente rosada estamos no Outono! Eu fiquei perplexa, porque refleti "quanto mais existe que eu não tenho percebido" e naquele momento houve o sentimento de "estranhamento", o normal tornando-se mais que especial!
Foi exatamente isso que aconteceu quando percebi o que Jesus tem sido em minha vida. Ele não tem sido só o filho de Deus, não tem sido só o Cordeiro cujo sacrifício vicário, possiblitou-me a Salvação, não...Ele tem sido a força propulsora de minha vida, fator determinante, para que tudo que vivi e vivo seja um conserto e não um motivo para murmurações.

Esse estranhamento é maravilhoso. Desejo que todos possam senti-lo um dia, se Jesus já se tornou normal, acredito que é preciso abrir-se para um reencontro, uma intimidade maior com o Pai ...quem sabe o "estranhamento" venha em forma de bênçãos inexplicáveis!
A Paz do Senhor,
Patrícia Aldir
*LEWIS, C.S.. Os quatro amores. col. Pensadores Cristãos.vol.4, ed.Mundo Cristão.ed.2a., São Paulo.1960

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