terça-feira, fevereiro 21

A dependência do amor


Tenho estado preocupada. Interesso-me por ler e vejo que a fragmentação do discurso amoroso tão difundido por Barthes¹ tem-se feito presente entre pessoas cada vez mais jovens, especialmente, garotas. Se, realmente, vivenciarem o que expressam, aumenta diariamente, o número de pacientes com depressão; sem auto-estima; de suicidas em potencial; homicidas, ou sei lá mais o quê! Surgira um movimento que ainda não se definiu: um Romantismo às avessas.
Por que chamo de às avessas? Os Românticos manifestavam exacerbada melancolia, buscavam vivenciar o seu amor no campo do Ideal, do transcendente, trancavam-se em suas "alcovas", criavam no ser amado o símbolo da Perfeição, mas é justamente neste ponto que me atenho, eles não viam defeitos em quem "amavam", no objeto do seu amor. O que percebi é que hodiernamente, reflexo da liberação sexual, igualdade sexual, enfim, término da repressão, muito poucos jovens desejam um relacionamento "sério", mas isso não é visto em sua reação ao término de um namoro. Tenho conversado bastante com adolescentes, pré-adolescentes, lido seus "blogs". Assustei-me como a vida perde o sentido, quando rompe-se um relacionamento, no entanto insistem em não assumir um relacionamento dito sério.
Concluo que o desapego ou tentativa dele é a como diria: a postura que se "deve ter", mas no íntimo, mas alguns, diria muitos se angustiam, entram em depressão cada vez mais cedo, não podem ter alguém que deseje, porque é "pagar mico" se entregar ao sentimento.
Cada vez mais cresce o número de jovens nas igrejas, talvez, por que muitas delas (igrejas) ainda se encontre o namorar para construir um relacionamento verdadeiro, então, quando, realmente há um término é porque ambos já perceberam que não conseguirão, não o manterão por toda vida, mas mesmo assim, há o aspecto de serem amigos, analisarem-se mutuamente, antes de iniciarem um namoro, pois, um relacionamento, naquele contexto é para casarem.
Quando o destino não é a igreja, pode ser clínicas de psicólogos, psicanalistas, ou o que tenho lido, tentativas de suícidio, como há pouco tempo a execução de homicídio, uma garota, amante de um homem casado, planejou matar as funcionárias de uma empresa, e conseguiu fazê-lo com uma das duas vítimas, uma ex-colega de empresa, para voltar ao seu antigo emprego e continuar o romance com o antigo chefe casado, cuja esposa também tentou matar. Agora, veio à tona que está grávida do tal chefe_ seria esse o motivo?
Que amor é esse que quer destruir a quem diz amar ou ter amado até o término da relação, e quando este acontece, envereda por tentar tirar a própria vida ou a vida do ser que dizia amado? Por isso chamei de "romantismo às avesssas". Será que teremos agora o movimento "Tragicista"?
Patrícia Aldir

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